quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Junto com a neve a morte

Caminho rapidamente sobre o meio da rua
encima da faixa que divide as duas pistas
a neve caindo sobre meu corpo
sinto-a e aperto com a mão
verifico que ela é real
tão leve que parece algodão
e me sinto feliz
escorregando entre os flocos já existentes
que tomam as calçadas e outras ruas
O vento sopra com força
estou só e avisto um homem à frente
vestindo sua farda de policial
um desconhecido, ali comigo
sou tão leve que o vento me leva
me arrasta com uma força bruta
vinda da revolta da natureza
que o homem mesmo causou
e com o vento me levando
perdendo a coordenação e direção
grito e imploro socorro ao policial
e meus olhos vão se fechando lentamente
sinto a vida indo embora
outra vez outrora, minha voz ecoa entre os prédios
implorando salve-me
e o homem fardado se aproxima,
consigo sentir tudo indo embora
a morte chegando outrora
e junto com a angústia da partida
meus olhos se fecham 
e a vida acaba de uma forma repentina.
Abri os olhos num susto de um pesadelo
sentando bruscamente na cama
gritando socorro dentro de quatro paredes 
Hoje acordar 
foi melhor do que sonhar.






segunda-feira, 29 de julho de 2013

Relicário imenso amor

Meia luz não basta
nem luz acesa
Quero tudo apagado!
Quero o silêncio da noite
nessa madrugada fria

Gritos e sussurros da música
o cacarejar da galinha alheia
vivo num emaranhado ou numa simples teia
cada fio é uma ligação
feito pelo meu coração

Meias palavras não bastam
as luzes se apagam
e meus olhos se fecham
Respiro a fragrância do teu perfume em sonho
e logo suponho
que sinto saudade
parece até uma crueldade

Suave e leve como pluma
você não foi mais uma
Guardo minha essência
me permita ser uma persistência
Insisto porque foi real
vivíamos em um mundo surreal

Imagino e sinto o teu carinho
sinto saudade dos nossos dias
e das nossas noites
trancadas em um quarto escuro
E o teu corpo quente esquentando o meu
Meus pés estão gelados!
parece que foi ontem que você esteve ao meu lado.



sexta-feira, 26 de julho de 2013

Primeiro poema para Nuvens, minha bicicleta.

Nessa noite eu sai sem receio
sem medo de sentir frio
sem medo de sentir anseio
escorrego nas descidas que me são proporcionadas
abuso da força, contraindo os nervos flexionados
chego no topo e me sinto no mundo dos amados.

Nessa noite eu sentei entre as árvores
senti o cheiro de mato
parece sensato
vi que a natureza sofre maus tratos
E acompanhei sua vitalidade
esquecendo a crueldade
fiquei entorpecida,
cheia de vida.

Nessa noite eu amei o céu
da lua eu fui o réu
E as estrelas cintilavam
pareciam faíscas,
fogos de artifícios que imploravam pelo meu olhar
e estavam ali por mim, à brilhar
pois só havia eu naquela imensa rua
e eu estava com a alma nua

Nessa noite eu senti tudo conspirar
pequenas vivências me fizeram amar
o pensamento dançando nas nuvens
o corpo montado a uma bicicleta
de cor bonita e discreta
E sorrindo pro vento
percebi que a felicidade vem de dentro

Nessa noite eu sai sem medo
passei longe do desprezo
vejo a lua sorrindo
e quanto mais ela brilha, mais rápido eu vou sumindo.







quarta-feira, 24 de julho de 2013

Teartrop vino

Constantemente de me lembrava que existir
é um dom que poucos terão
inconstantes, desequilibrados
bipolares e loucos
é o que todos nós somos
corações com feridas que cicatrizam
mentes perturbadas com o futuro incerto
sentimentos que oscilam a todo momento
nós não paramos
e permanecemos inquietos

terça-feira, 16 de julho de 2013

Tempo bom

Tempo bom,
faz frio
e poucas roupas me aquecem
retomei meus sonhos
andei por ruas diversas
sem um atual destino
pensando no que era possível
e descobri que existir é a maior possibilidade
brilhando em vida
vibrando amor e paz
correndo pela felicidade
cheia de pressa
sentindo o estremecer da bicicleta
passando com os pneus nos paralelepípedos
vendo os rostos tímidos
enlouquecidos com tanta beleza
há tanto amor na natureza
que o sentimento brota
não se esgota
pois não há desistência dos que ousam acreditar
vejo ingenuidade em cada olhar
pupilas cheias de anseios
e digo, é bobagem deixar pra trás
acredite no que és capaz






segunda-feira, 15 de julho de 2013

ser livre é ter um caso de amor com a própria existência

Em diferentes espaços de tempo
há feições de descontentamento
não há perfeição que aqui habite
uso roupas pesadas em meu ser
e escrevo para esquecer
oculto o desejo que me esconde
não sei onde
As sensações hoje são diferentes
dias frios, dias quentes
sinto o sol raiar mais forte
o céu parece uma tela pintada
a arte expressada com a boca calada
nuvens que fazem desenhos no ar
cores que vão dando vida
não há porque desanimar
E nós, vamos rabiscando os cenários que a vida nos impõe
vamos conquistando
resgatando nossas tradicionais culturas
para que possamos mostrar nossa textura
e através do espelho fazer nossa própria releitura.



terça-feira, 9 de julho de 2013

00:55

Sou as revoltas
que não aconteceram

Sou as desgraças
que já padeceram

Sou o tempero vivo
e também o seu pequeno abrigo

Sou os caminhos perdidos
ou passos dados escondidos

Quero a chance de poder mudar
de gaguejar ao tentar falar
Quero ver, junto a ti
o céu escurecer
fazendo o sol do dia desaparecer.